Recebi um médico que era verdadeira referência em sua área. Problemas familiares de todos os tipos no divórcio desse sujeito. E ele gostava de falar. Disparava. O tipo de consulta em que ouço o cliente por uma hora e quarenta minutos, sobrando quase dez minutos no final para dar meu parecer.
Enquanto ele falava, ouvi um barulho esquisito. Atribuí o ruído àquele barulho que o couro da cadeira do escritório faz quando acomodamos nosso traseiro no banco. Acontece. Afinal, ele jamais soltaria um pum no meio da consulta, em uma sala fechada – só aquele ar condicionado no teto – em que havia só duas pessoas, não é verdade?
Esqueci, e continuei a anotar o que o cliente falava, para não me esquecer ao final. E após alguns minutos veio o segundo barulho. Tudo sem que ele pausasse a fala. E dessa vez foi inconfundível, não poderia ser a cadeira. Não aguentei, disparei na gargalhada interrompendo o atendimento.
E ele, foi simplesmente brilhante, dando a melhor desculpa que já vi para o gás:
“Doutor Ladeira, tomei um laxante antes do atendimento, que me automediquei, pois sou médico, estava precisando, então não se incomode se peidar um pouco.”
Fui obrigado a ser educado e dizer tudo bem... O que mais diria? Só para constar: teve mais um antes do fim do atendimento... ô laxantinho bom...
Toda e qualquer similaridade dessa história com algum fato ou evento da vida real é mera coincidência.
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