Um cliente meu me contratou para cuidar da revisão de alimentos de sua filha do segundo casamento. Havia outra da primeira união. Ele era obeso, estava no fim dos quarenta. Tratava-se de um empresário do setor de construção civil.
O processo seguiu normalmente. Por ocasião da audiência costumo marcar para chegar no fórum uma hora mais cedo, não só para evitar atrasos, mas para tirar as dúvidas que os clientes eventualmente possuam.
Nos fóruns geralmente há uma sala enorme cheio de cadeiras, bancos ou sofás, e as partes esperam o começo das audiências ali. Entrei em uma das salas, ele não estava ali, chequei a outra, também não. Mandei whatsapp: “doutor, estou chegando”, ele disse.
Ótimo. Sentei à sala, quase vazia, o que é uma benção: esqueça ar condicionado em fórum, e o ventisilva se não estiver quebrado é por milagre. Fiquei lendo o jornal, impresso mesmo, já trabalho o dia inteiro à frente do computador, chega de LED.
Quando ele chegou, estava com uma mocinha magricela ao seu lado. Muuuuuuuito mais jovem que ele. Cumprimentei meu cliente e, como ele não a apresentava, questionei: “é a sua filha do primeiro casamento?”.
Como fui tão burro???
Imediatamente ela me fulminou com imenso ódio. Ele, vaidoso, ria com gosto, com alegria, com vaidade, daquele modo que apenas os gordos mais de bem com a vida riem. Risada de gordo feliz é uma delícia, fala sério.
E depois explicou: essa é minha terceira esposa, doutor Paulo.
Toda e qualquer similaridade dessa história com algum fato ou evento da vida real é mera coincidência.
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