Tolstoi escreveu que "as famílias felizes são todas iguais; as infelizes, cada uma à sua maneira."
Definitivamente ele não era um advogado de família. Cada história que eu recebo em meu escritório, cada drama, cada lágrima, cada coração partido, definitivamente tem um ar de semelhança por trás. As histórias meio que se repetem, e depois de ter vivido tantos divórcios, costumo ver padrões por trás de cada vida.
Talvez Tolstoi tenha conhecido mais pessoas felizes do que eu, em virtude de minha profissão, de advogado familiar. E então, ele, vendo toda aquela felicidade ao seu redor, decidiu procurar o que era a infelicidade. E sentiu-se curioso pela infelicidade, dando origem aos seus intrigantes livros. Certamente pensando ser impossível escrever um livro original e feliz.
Mas, se os livros de Tolstoi são originais, e envelheceram muito bem; não existe coisa mais clichê do que a tristeza da vida real.
E tampouco nada é mais entediante do que a felicidade epicurista moderna, tão intensamente pregada pelos meios de comunicação, onde a ataraxia é um gozo eterno de vícios vazios que apenas servem para fazer nossa fútil sociedade esquecer-se de si mesma.
Felicidade: alcançá-la é mais simples do que imagina. Basta sair desse clichê, inexistente na sociedade rural de Tolstoi.
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