Empresário paulistano aproxima-se do escritório visando fazer uma escritura de União Estável com separação de bens. Conversando com ele, o papo se desviou para falarmos sobre as mulheres. Ele me disse ser essa a quinta relação dele, e garota era pelo menos quarenta anos mais nova que ele.
Perguntei sobre os filhos dele, disse-me não possuir nenhum. Estranhei, e perguntei: “Visivelmente você teve sua dose de relações sexuais. Como nunca engravidou ninguém?”
E ele respondeu: “Sou virgem, doutor.” Tudo isso com um sorriso malicioso no rosto. Ri muito, ele também.
“Falando sério, como?”
E ele esclareceu ser virgem de sexo sem camisinha. Parabéns a esse cara.
Avancei com o serviço, e, com a minuta pronta, dirigimo-nos ao cartório. Àquela época estava novamente procurando uma namorada e tinha um aplicativo no meu celular, happn, que me mostrava as mulheres próximas a mim que procuravam um relacionamento. Eu, procurava uma namorada decente; elas, sei lá.
No dia da assinatura os pais dela foram com ela. Quem leva os pais para assinatura de União Estável? Achei triste, para mim aquele romance era algo bem mais financeiro. Mas, como diria Nelson Rodrigues, “dinheiro compra até amor verdadeiro”. Enfim. Assinamos e nos despedimos.
Cheguei em casa cansado, tirei o paletó e fui verificar o app. Ela, a companheira do cliente, estava lá e tinha demonstrado interesse por mim. Faz tempo que não tenho o app, acho que se fazia enviando um coraçãozinho. Desinstalei o negócio na hora, nunca mais voltei a usar.
Passaram-se dois anos, e já tinha até me esquecido dos clientes. Recebi uma ligação no celular, atendi, e era ela. Demorou um tempo para me lembrar quem era, mas tinha passado o meu celular ao cliente no contato inicial, ela deve ter pego com ele à época e guardado. Disse-me que estava largando do empresário. Perguntei se ela queria algum orçamento, mas como era separação de bens, qualquer briga ou litígio deveria ser residual. Ela desviou de assunto, eu não quis prolongar, despedimo-nos e desliguei. Para sempre.
Comments